terça-feira, 23 de março de 2010

O Blog





A idéia de que a vida é uma travessia me apareceu pela primeira vez enquanto lia o fabuloso Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa e foi reforçada pela leitura de Recados do Morro, do mesmo autor. A mensagem que Rosa, homem de imensa sabedoria e portanto, igualmente superticioso, nos passa em seus livros e na maneira como viveu é sobre o poder do caminho e a importância da caminhada para que se cumpra o destino, sobre o qual agem diversas forças além de nossas próprias vontades, muitas além até mesmo de nosso conhecimento. Mas o que cabe ao homem nessa existência fugaz que lhe escapa ao controle a cada tentativa demasiada humana de tomar conta da situação? Tudo. E nada. Ao homem cabe cumprir seu papel, cabe aprender, cabe observar, cabe mudar, cabe, enfim, caminhar com os próprios pés nessa longa e perigosa travessia!


Esse blog não é nada mais que um relato da travessia deste caminhante. Tão pessoal quanto permite ser a visão de um indivíduo que vive em sociedade. Tão coletivo quanto permite uma sociedade pós-moderna composta de indíviduos. Entretanto, não se trata de um relato qualquer, mas sim de impressões e percepções de olhos que querem ver para além da simples superfície, para além da ligeira e fugidia rotina moderna, que se desmancha para se refazer a cada dia. Olhos que pretendem colocar-se no lugar de quem é visto, sem abandonar a posição da qual mira, embora esta também esteja em constante xeque. Olhos que não exitam em buscar e recorrer a outros olhos. Olhos que não têm dono, não têm rumo. Olhos tão seus, quanto meus. E por isso esse blog é também um convite a outras impressões.


E é com esse convite para que ingressem comigo nesse mundo que se forma e nos espera diante de nossos próprios olhos, esse mundo de política, de música, de arte, de cultura, de pessoas e de lugares, de tudo que é humano e selvagem e até de tudo que é anti-humano, que me despeço nesse primeiro post. E é com os pés no chão e a cabeça nas nuvens que começamos essa travessia crítica. Façamos do passo o nosso meio de transporte. Adiante, o caminho!


Viver é mesmo muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo.
Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa...
O mais difícil não é ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo,
é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra.

Guimarães Rosa



Um comentário:

  1. Bruno,
    Chirs comentou comigo do seu blog. Tô lendo agora e achando incivelmente muito bom. Cara eu não sabia que vc tinha talento para escrever. Falo super sério!!!!! Quando vc vai lançar o seu livro tipo vai ser um Best-Seller no NYTimes!!! Pode postar que eu tto lendo e comentanto!
    Abs.
    Carlos

    ResponderExcluir