segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A jornada final




De maneira que se terminou o intercâmbio. Assim, sem muito aviso, apesar de que a data de regresso já estava marcada desde o meu primeiro dia em Santiago. Nem bem me dei conta e já estava em um ônibus Pullman rumando a San Pedro de Atacama, primeira parada do que viria a tornar-se uma grande jornada que só terminaria com a chegada, duas semanas depois, ao Brasil. Entretanto, longe de ser uma viagem qualquer, essa fantástica subida de mais de 4500 km pela América do Sul andina representava o fim de um ciclo de vida e inevitavelmente o início de outro. Era o cabo da história que depois de haver completo uma trepidosa circunferência no ar, voltava do ponto de onde partiu, para ver, rever e viver tudo novo de novo, com outros olhos, outras idéias, outros juízos, outros sentimentos. 

"Se despidieron y en el adiós ya estaba la bienvenida" (Benedetti).

 Muito do que foi minha vida naqueles 5 meses de erros e acertos pelos caminhos santiaguinos se despedia do presente para habitar eternamente a memória, e a saudade sem remédio incorporou-se como um fantasma cujo espectro sombreado é capaz de fazer uma companhia aprazível, ainda que inalcançável. Um rápido aceno desde o portal do ônibus, alguns abraços efusivos, um beijo de sabor tenaz e logo o alegre e caótico ruído das simultâneas mensagens de adeus foi substituído pelo inapelável ronco do motor. Perplexo com a irrefreável determinação do tempo em seguir seu curso, fui vencido pelo cansaço e caí sem saber em um conturbado sono, perdido no espaço infinito que existe entre as coisas que já foram e as que ainda nem são.

Nem bem desperto, nem bem dormido, sonhei. E no sonho me dei conta de que o tempo também passava para mim e que havia chegado a hora de novamente tramar alguns planos para o futuro, que deixou de ser longínquo, intangível e agora espreitava com suas infinitas possibilidades logo atrás da próxima curva. Mas como me certificar de que estava preparado? Como saber-me pronto e apto? O que fazer diante do novo velho mundo que tornava-se cada vez mais próximo e inevitável?

Foram com essas perguntas que embarquei nessa jornada final pelo Chile, Peru e Bolívia. Na rota traçada um deserto, uma montanha, um lago e uma cidade. Fogo, ar, água e terra. E é essa viagem de maravilhas naturais e culturais, de pessoas pelo caminho e de grandes aprendizados que relatarei aqui, nos próximos posts, de modo a compartilhar um pouco do que vi e vivi por estes lugares inacreditáveis de nosso planeta. Todos os comentários e relatos de experiências - semelhantes ou diversas - são bem vindos! Até lá..

6 comentários:

  1. Esto no se trata de un final, sino de un nuevo comienzo... La vida cada cierto tiempo nos regala la oportunidad de empezar de nuevo, de enmendar errores y de disfrutar de lo simple... Aprovecha esta oportunidad sin olvidar jamás todas las experiencias y conocimientos que estos kilómetros de viajes te han brindado...

    Cariños,

    P.s: Con atención, esperaré tus relatos, que leer como es la vida desde otros ojos siempre es enriquecedor.

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  2. La verdad es que no podría estar más de acuerdo contigo, mi ilustre anónimo! Bajo la finitud irremediable de la vida y de nosotros mismos se oculta la infinitud de los momentos y recuerdos - siempre únicos - y que hacen todo valer la pena..

    No te preocupes porque ciertas experiencias, ciertos conocimientos, ciertas personas son simplemente inolvidables!

    Cariños,

    Bruno

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  3. Bruno:
    En esos viajes donde el tiempo corre rápido, y los lugares son tantos como los kilometros recorridos.; las experiencias vividas y las personas son lo que nunca debes olvidar.
    Ambas cosas, al recordarlas luego de un tiempo, son las que te llenan el corazón de alegría y satisfacción, esperando pronto el reencuentro..
    espero que ese reencuentro no sea muy lejano..

    Saludos

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  4. No será Cata! Ya no puede ser, pues Chile es parte de mi vida y historia.. Incluso, si vivir es aventarse al mundo sin pudores, enamorarse es inevitable! Es peligro y es salvación!!

    Mi corazón también se llena de alegrias al recordarte, Morocha! Aún más si sé que estuviste leyendo estas líneas, pues fue él quien las escribió..

    Espero que estés entrenando la guitarra, así tocaremos juntos un dia!

    Besos

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  5. Fico imensamente alegre em perceber como foi enriquecedor o seu intercâmbio e em saber que pude contribuir um pouquinho com esta viagem tão cheia de experiências, conhecimentos e principalmente com os relacionamentos que construiu por lá. Gente de todos os lugares, costumes diferentes, linguas diversas, gente amiga. Você é do mundo, siga sempre em frente. Conte comigo.
    Beijos

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  6. Se sou do mundo e posso dar-me o luxo de correr tantos riscos, é só porque eu sei que há um lugar aonde sempre encontrarei abrigo, segurança e amor.. Posso me afastar desse lugar por algum tempo, mas sempre voltarei, pois é lá que nascem os sonhos de novas aventuras e experiências! Esse lugar foi construído por vocês, em cada pequeno ato, antes mesmo daquele carnaval de 87..

    Acho que a palavra que andei buscando não é outra além de um simples obrigado!

    Beijos

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