terça-feira, 2 de agosto de 2011

Sobre cordialidade e aduanas





Não é por nada não, mas o Brasil está dando um show em matéria de cordialidade nos serviços de imigração, entrada e saída do país. É certo que diversos aeroportos estão operando com uma capacidade muito superior a que sua estrutura e logística lhes permite, como é infelizmente o caso de Confins. Entretanto, por outro lado, quando são vencidas as filas, o que se pode perceber são pessoas organizadas e responsáveis, trabalhando incansavelmente para proporcionar uma boa viagem aos passageiros. Nesse quesito, é importante admitir, destacam-se os servidores da polícia federal que dão conta da segurança aeroportuária e dos trâmites necessários à imigração.

Para chegar a essa conclusão comparei o serviço prestado em nosso país com o de outros que visitei recentemente. Desde o ano passado, se me posso permitir tão larga extensão temporal, passei pelas aduanas do Chile, Peru, Bolívia, Panamá, México, Argentina e Uruguay, mas não houve cordialidade igualável a que recebi no regresso de cada uma dessas excursões.

Desde os calados e muito sérios funcionários chilenos, que revistam tudo e são os mais chatos com a entrada de bens no seu país, passando pelos indiferentes peruanos até um, pois só havia um, boliviano engraçadinho, mas que tratou muito mal uma norte americana que viajava conosco na entrada por terra em Copacabana. Os preocupados mexicanos, que com tantas regras - talvez excessivas devido a já não tão almejada fronteira com os EUA, a não ser pelos narcotraficantes - acabaram por meter o exército de coturno e farda na imigração. E os portenhos, ahhh os portenhos!! Talvez sejam os mais incrivelmente rabugentos. Não fazem questão nenhuma de demonstrar educação e simpatia é uma palavra que foi hace mucho borrada de su castellano.. Nesse rol, que muito bem justifica a impressão generalizada sobre a chatice de se fazer uma viagem internacional, os uruguaios são os mais cordiais e flexíveis, sem deixar de serem profissionais.

De fato, os uruguaios estavam na disputa pelo primeiro lugar no top five alfandegário que eu mentalmente fazia enquanto viajava de regresso ao Brasil. Disse estavam, pois ao chegar em Guarulhos, depois de recolher minha bagagem atirada na esteira com a sutileza que é padrão nos aeroportos do mundo inteiro, me deparei com uma sala de imigração repleta de agentes mulheres. Não sei se é o nosso jeito de ser brasileiro ou mesmo a inegável superioridade laboral feminina, só sei que havia sorrisos por toda a sala. Ao chegar no guichê (a fila andou espantosamente rápido) fui bem recebido por uma jovem que com certeza ainda não havia completado os trinta aniversários. Me recebeu sorrindo, aparelho no dente, celular pendurado junto ao crachá no pescoço e, para a explosão da minha surpresa, me perguntou como estava. Achei que era regra internacional não olhar nos olhos de quem entra e sai do país, mas se havia esse protocolo, essa oficial o quebrou tão naturalmente que ele quedou para sempre revogado.

Não só adentrei de volta ao meu país com tranqüilidade como ganhei meu dia com aquele sorriso, que logo se reproduziu em mim e em outras pessoas que estavam na fila. Me animei e acabei aproveitando o atraso da companhia aérea para escrever esse breve relato lisonjeiro. Há inegavelmente muito o que melhorar no transporte aéreo brasileiro, sobretudo para receber o grande evento da Copa do Mundo de 2014, cada vez mais próxima. Sem embargo, ficam meus sinceros desejos de que não percamos nossa cordialidade e simpatia como povo, e que apenas recentemente adentrou os muros burocráticos do serviço aduaneiro federal. Só um tolo não perceberia a diferença crucial desse detalhe!

2 comentários:

  1. Simplesmente fantástica a observação acima!! Sou mais os brasileiros. Povo carinhoso, acolhedor e extremamente carismático!! bjussssssss

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  2. Sem desmerecer os outros povos, claro, acredito que nós brasileiros temos, em meio a tantos defeitos, essa característica carismática, diplomática, conciliatória.. A ideia é aproveitar e agregar valor a essa faceta simpática! Obrigado elo comentário Rachael! Beijos

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