sábado, 24 de dezembro de 2011

Reflexões viageiras

Não sei se todos sabem, mas ando mochilando pelo Sul do Brasil, desde o dia 13 de Dezembro, com meu amigo Calango Seixas. Iniciamos nossa jornada em Curitiba, capital ecológica, seguimos para a Ilha do Mel, lugar isolado cujo por do sol na praia do farol é um dos espetáculos mais fantásticos que já presenciei, cruzamos Santa Catarina até Bombinhas, vilarejo pacato e turístico, com belas praias de mar azul e algumas trilhas em mata fechada, e, por fim, alcançamos Balneário Camboriú, praia urbana muito agitada, destino comum aos paranaenses, gaúchos, argentinos e chilenos.

Hoje, dia 24 de dezembro, estou na histórica cidade de Blumenau, cujo centro preserva belos traços da cultura alemã, com arquitetura e nomes típicos, sem falar no saboroso chopp Eisenbahn. Agora a chuva cai fortemente, aliviando um pouco do calor que nos castigou desde o litoral paranaense. Como é véspera de Natal, aproveitamos para fazer um breve pit stop na viagem, descansar e, claro, refletir sobre o vivido e o aprendido até aqui..

Não raro escrevo sobre viagens, mas inevitavelmente escrevo em viagens.. Isso porque viajar é estar em contato com o diferente, forçar-se a sair da rotina e partir em direção ao novo. E o novo questiona, intriga, refuta, reafirma e depura os velhos hábitos e pensamentos.

Por esses caminhos, andei conversando e observando muita gente. Um francês que vive na Holanda e trabalha em um call center de companhia aérea apenas para conseguir descontos e realizar seus sonhos de conhecer diversos países desse imenso mundo, me contou sobre estranhos hábitos da Índia e da China. Um engenheiro florestal que trabalha em uma ONG de preservação do meio ambiente, me ensinou que tudo na natureza tem o seu papel, como o mangue, cujas águas barrentas e salobres são os leitos preferidos para a reprodução de diversas espécies de vida marinha. Um cientista da computação que vendeu sua empresa para realizar uma viagem de 3 anos mochilando pelo planeta, me contou que não há melhor sensação do que concentrar-se somente na via de escalada, trecho por trecho, rocha por rocha, pino atrás de pino, adquirindo uma consciência corporal capaz de te levar aos mais inóspitos cumes. Duas meninas catarinenses, formadas em Administração Publica, me mostraram o poder da amizade, que nos faz sentir em casa, mesmo estando a kilometros de distância..

No fim das contas, depois de viver todas essas coisas, deitado novamente em uma cama confortável, escutando a chuva que cai mais suavemente lá fora, me pergunto o quê finalmente elas querem dizer. Pra mim, tudo isso quer dizer que o mundo é muito grande, maior do que podemos imaginar se estivermos fixos a um só ponto. Nesse vasto espaço, pessoas de toda parte buscam meios para se encontrar, expressar-se, definir-se e se tornarem quem realmente são. Ao faze-lo, essas pessoas criam, isto é, deixam suas marcas no mundo, que gira, se transforma e já não é mais o mesmo que era antes. Ao fazê-lo, essas pessoas tornam de novo possível a esperança no homem, no amor, e a ilusão juvenil pode novamente vencer a crítica cética, como uma vez aconteceu na cinza Manhattan de Woody Allen.

O Mundo não está nos telejornais, nem nos canais de documentários. É preciso sair para vivê-lo e inventá-lo! Urge nos tornarmos quem somos! Na próxima semana, regresso à Belo Horizonte preparado para começar o ano de 2012, encarar-me e encara-lo de frente. Urge não perder um segundo sequer. Sei que nele repousam desafios e oportunidades, no amor, no trabalho, na família..

Mas o futuro não existe, é uma eterna promessa que se desmancha a cada segundo. Urge, por fim, torná-la real, passo a passo..



--

2 comentários:

  1. Bruuno!! Mto legal o post!! ADOREI! Foi mto bom te conhecer e rever o Calango! Vcs com ctz são pessoas especiais e que nunca esquecerei!!
    Bom resto de viagem, um maravilhoso Novo Ano, e que a vida de vcs sejam assim... repletas de experiências que engrandeçam sempre! Beijos

    ResponderExcluir
  2. Inspiradíssimo, Bruninho, como sempre! É um verdadeiro prazer ler o que você escreve! Beijo grande e um excelente 2012 pra vc! Beijos, Vivi

    ResponderExcluir